Larissa Manoela e as relações de dominação

A história da Larissa Manoela me fez pensar um pouco sobre relacionamentos de dominação, e claro, pensar em nossas relações de líderes com liderados. Tudo bem que na história dela se fala de pai e mãe, família… Mas também de uma relação profissional, em que eles eram empresários dela, portanto, também líderes profissionais.

As vidas ficaram totalmente entrelaçadas, a vida familiar e a relação profissional de todas as partes.  Tem muitas camadas, que até fica complicado opinar, mas, na minha interpretação da história, os pais amam Larissa. Mas porque então o desenrolar foi tão dramático como vimos?

Lembrei de líderes que “sem querer” querem dominar liderados. Até no sucesso deles, queremos ganhar mérito. Somos espaçosos, desenvolvemos, mas queremos ser lembrados, queremos a gratidão da outra parte, queremos e esperamos sempre a contrapartida, em forma de afeto. Expectativa de gratidão e afeto é uma forma de sufocar, prender, limitar, sabiam?

Precisamos aprender a desenvolver pessoas com a expectativa de sermos superados, liderar com desprendimento. Não faz sentido apoiarmos o desenvolvimento de alguém para sermos sempre lembrados. Estamos aqui falando de ego. Quão egocêntricos somos! Quão limitados como ser humanos somos em nossas expectativas!

Quantos líderes você já viu contar que “não existe prazer melhor que ver uma pessoa agradecer por sua contribuição”. Essa referência é ou não é também uma representação de nossa limitação egocêntrica? Precisamos ter alguém lhe vangloriando e reconhecendo para sentir prazer? Não seria melhor sentir prazer em ver alguém andando com as próprias pernas e não dependendo mais de nós nem mesmo para agradecer? Deveríamos desenvolver a todos, sem distinção, por valorizarmos isso e ponto. Desenvolver e contribuir por querermos contribuir com o mundo, com o próximo, com nossa passagem aqui nessa existência.

Os pais de Larissa se perderam na compreensão de que Larissa os superou.  Ela é uma menina genial, de uma geração que supera a geração dos pais em destreza e conhecimentos. Uma menina que aos 22 anos com certeza saberia (e saberá) cuidar de sua carreira. Ou não é isso que a contemporânea Jade Picon faz desde muito antes?

Em que momento os pais deixaram de entender que era hora de formar Larissa para os negócios, para as melhores decisões e para educação financeira? Como ser pai e mãe de uma criança milionária e com talento de Larissa e não formá-la desde cedo para https://escolhiliderar.com.br/wp-content/uploads/2023/08/larissa-1.pngistrar seus recursos, para ser dona do próprio nariz?

Larissa não é uma menina qualquer e eles deveriam ser os primeiros a perceber. Não sendo qualquer, ela precisava de desenvolvedores que lhes desse suporte para aprender a ser livre, usar dessa liberdade a favor de si e de todos ao redor.

Os pais erraram como desenvolvedores. Erraram tentando dominar a filha-única genial como se fosse deles. Só que a filha cresceu e entendeu cedo que não pertence a eles, nem como produto nem como pessoa. Larissa encerrou uma relação de dominação. Será chamada de ingrata pelos pais que vão seguir pensando e afirmando que ela não seria nada sem eles. Será? Como saberíamos? Nenhum desenvolvedor (seja líder, seja pais, seja coach) é capaz de formar uma pessoa 100%. Assim como nenhuma pessoal genial chega sozinha a lugar algum.

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