Acompanhar a política no Brasil tem sido uma tarefa cansativa para quem trabalha de verdade e entende de verdade de gestão. Difícil para quem sabe o que é necessário para que haja eficiência e resultados, seja na gestão pública, seja em qualquer tipo de gestão. Na banca de picolé, na firma, na prefeitura, em nenhum lugar funciona sem trabalho. Mas nas eleições o que menos se fala é do trabalho, seja ele já entregue na história dos candidatos ou o que se pretende entregar.
Vamos comparar…
Importa para analisar prefeitos o que pensam os candidatos – aborto, drogas, ideologias. Mas quando a gente vai fazer seleção por competência, o que importa é o que elas têm de experiências anteriores, não o que o candidato a vaga pensa.
Importa a baixaria. Mas num ambiente de trabalho, na primeira baixaria, o funcionário é considerado inadequado sendo quase sempre demitido.
Importa falar mal do oponente. Mas num ambiente de trabalho, para acontecer trabalho em equipe e confiança, não se deve tolerar ninguém falando mal de ninguém.
Os políticos faltam aos debates, desrespeitam os apresentadores. No trabalho, não se falta reunião, não se chega despreparado nelas, em hipótese nenhuma se tolera desrespeito a quem está conduzindo as pautas.
Os candidatos bravejam e saem de si durante debates televisionados. No trabalho, lá estamos nós colocando “Inteligência Emocional” pra nossos liderados se desenvolverem.
Se defende candidatos como se fossem deuses. No trabalho, exige-se resultados dos funcionários e não havendo, se avalia negativamente, quem sabe até se demite.
Por que estamos admitindo absurdos na gestão pública?
Mesmo assim, o que mais vejo é gente que entende de gestão, empreendedores e bons líderes se perdendo para considerar que na esfera de gestão pública gestão e liderança não seguem as mesmas regras. Não deveríamos ser até mais rigorosos? Onde nos perdemos? Onde nos apaixonamos tanto por distrações a ponto de perdermos o discernimento?
Essa semana uma cadeira foi usada como forma de violência durante um debate entre prefeitos. Antes dela, palavras e palavras e mais palavras insultuosas foram proferidas contra as TVs, os jornalistas, os oponentes. Não consigo normalizar. Vereador, prefeito, deputados, presidentes, governadores, senadores, todos não seriam funcionários públicos? Funcionários nossos? Pagamos o salário deles; os selecionamos. Ao entrarem para trabalhar, eles têm suas obrigações, suas metas. Nosso papel, como contratantes, é de acompanhar e avaliar suas entregas. Ponto.
Não acho que eu tenha trazido nada muito novo nessa ideia, o que é ainda mais assustador – nos perdemos dos conceitos básicos de gestão e liderança.