E lá estou em em minhas andanças trabalhísticas-trabalhosas, conhecendo gente, conhecendo profissionais que possam me ajudar a construir um trabalho. A vida nova, seguindo uma carreira solo empreendedora, nisso me parece muito com a antiga – dentro de uma empresa, lá no ambiente corporativo.
Lá eu estava sempre a dialogar, ouvir, decifrar pessoas, quais seus objetivos e entender se havia match entre sua forma de ser e os objetivos que a empresa tinha, e o que precisávamos dela.
Na carreira solo, empreendendo, não parece nada diferente: conhecer pessoas, dialogar, dialogar, ouvir, traduzir quem é a pessoa, quais seus objetivos e entender se há match entre a sua forma de ser e os meus objetivos agora.
Ele me contava então sobre um cara que lhe oferecera ficar rico rápido. Pagaria mais, poderia lhe proporcionar exclusividade, muito dinheiro antecipado. Foi até sua casa e, observando o condomínio simples, afirmou: “você não merece morar aqui, merece um carro melhor, merece uma vida melhor, merece viajar”;
No fundo, tudo o que o cara estava propondo, comercialmente, como leitura de mercado, fazia todo sentido. Ele afirmava que o mercado se voltada pro digital e que havia ótimas oportunidades naquele setor. Era tudo verdade.
Mas a forma de vender a ideia, distanciava.
Será que todo mundo quer ficar rico? Será que a vida que ele propunha, como a única possível desejável, era de fato desejável por todos? Qual era a riqueza que importava?
O cara “estranho”, que não tinha amigos, pessoas, família, que só trabalhava, não tinha uma vida convencional. Seria ele feliz? Questionou-se? Seria considerado riqueza aquela vida estranha?
E seria a forma certa de abordar um futuro parceiro de trabalho – desmerecendo o que até ali ele havia conquistado? Será que a melhor forma de ofertar trabalho e oportunidade é depreciando o que a pessoa tem? Será que falar da pobreza como algo tão ruim, agrega? De qual pobreza estamos falando?
Para ele não fazia sentido, ali a relação se encerrou. Não havia alinhamento de valores. Não dava para seguir. Cada pessoa tem sua imensidão e complexidade, sua forma de ver o mundo, de decidir e de escolher o que quer. Nenhum empreendedor, empresa, líder conseguirá engajar ninguém desrespeitando o que há de mais humano na pessoa, que é a sua forma de existir.